
Para se aprofundar nos temas discutidos pelo Ocupa (e Palmeiras, claro!) indicamos as seguintes publicações:
FORASTEIROS
Rodrigo Barneschi
Rodrigo Barneschi simplesmente não concebe o futebol sem a presença do torcedor visitante. Para ele, frequentador assíduo das arquibancadas, tanto o abnegado que viaja para seguir o clube do coração como o fanático que cruza a própria cidade para ficar rouco em um setor isolado do estádio rival são protagonistas de um espetáculo que, despojado do forasteiro, perde grande parte de seu sentido.
Em sua estreia como escritor, o autor nos guia por diferentes estádios do Brasil e da América do Sul, em uma cruzada por campos decadentes, fartos de obstáculos e transtornos aos visitantes que tentam acompanhar seus times nos jogos fora de casa.
Com um relato que mistura crônica, diário de viagens e jornalismo -- e permeado por forte crítica social --, Barneschi reivindica em "Forasteiros" o direito ao torcer. Dele e de qualquer torcedor disposto a ir ao estádio do adversário para encarar sua missão: a de assumir o protagonismo de um espaço que lhe pertence.
Verde América
Lucas Berti
Um mergulho em dois universos que se cruzam, ainda que postos em paralelo na obra: o Palmeiras e sua longa lista de relações com a América do Sul e a vida agoniada de um fervoroso torcedor em meio à campanha do que seria o bicampeonato da Copa Libertadores em 2020. Além de desfiar memórias, números e relatos da jornada do clube e seus flertes incessantes com a vizinhança, o livro traz os detalhes do foi que torcer para um time em meio à pandemia do coronavírus, época tão incerta, assustadora e que, justamente por isso, fez do futebol um dos raros (e estonteantes) refúgios para mentes cansadas e distantes da normalidade. Bastante pessoal, mas também universalmente palmeirense, “Verde América” é um presente para todos os palestrinos, sobretudo aqueles que também se entregaram como nunca a uma campanha intensa e merecedora. Também é um manual de curiosidades, trazendo relações escondidas entre a Sociedade Esportiva Palmeiras e os arrabaldes ao sul das Américas
COADJUVANTES
Gustavo Piqueira
Coadjuvantes é um romance que passa longe do tom piegas ou da piada fácil para nos mostrar as comédias e tragédias a que todos torcedores apaixonados ou não estamos sujeitos durante o percurso de descoberta e construção de nossa personalidade. Um livro sobre futebol sem craques, vitórias ou dados estatísticos. O amargo jejum de títulos vivido pelo Palmeiras entre 1976 e 1993 é aqui narrado sob a ótica de um torcedor comum que cresceu assistindo a infindáveis derrotas e humilhações sofridas por seu time, ao passo que sua própria vida parecia não experimentar melhor sorte.
CLUBE EMPRESA
Irlan Simões
O Brasil voltou a discutir uma nova legislação pra incentivar a transformação dos clubes de futebol de associações sem fins lucrativos para sociedades empresárias, mais de vinte anos após a promulgação da Lei Pelé. O livro “Clube-empresa: abordagens críticas globais às sociedades anônimas do futebol” busca trazer uma série de análises alternativas sobre o tema. Aliando pesquisas acadêmicas e relatos de movimentos de torcedores de Chile, Argentina, Portugal e Espanha, a obra traz um quadro amplo e diverso de entendimentos sobres os verdadeiros impactos da entrega dos clubes a grupos privados. Os textos da obra desconfiam e contestam, a partir de casos concretos, os mantras da profissionalização, da eficiência gerencial, da atração de investimentos, da transparência nas contas, da boa governança corporativa e do ganho de competitividade em campo, estabelecendo um quadro real e pouco animador sobre a atual situação dos clube-empresa no mundo. Analisam também o perfil geral dos grandes proprietários de clubes em todo o mundo, cujos objetivos geopolíticos expõem uma indústria do futebol dominada por interesses muito distantes de uma lógica tradicional de mercado.
1942: O PALESTRA VAI À GUERRA
Celso de Campos Jr.
Todo brasileiro sabe que futebol às vezes é uma verdadeira guerra. Mas talvez poucos conheçam uma de suas mais históricas disputas que no ano de 1942 transformou em campo de batalha o gramado do Pacaembu. Era a luta pelo título do Campeonato Paulista daquele ano entre S.E. Palmeiras e São Paulo F.C. em plena Segunda Guerra Mundial. Tudo porque o já tradicional time do Palestra Itália se viu acuado por uma guerra que não era sua e acusações de traição à pátria brasileira. Pela primeira vez contada sem a fantasia dos fatos que viraram lendas a história desta impressionante partida é a inspiração para “1942 – O Palestra vai à guerra” do jornalista Celso de Campos Jr. Com um ousado projeto gráfico do designer Gustavo Piqueira o livro parte da transformação do Palestra em Palmeiras para recriar o clima de uma das mais importantes e disputadas finais de campeonato que o Brasil já presenciou. Ancorado em extensa e cuidadosa pesquisa histórica em jornais revistas e almanaques da época Celso de Campos Jr. conta apenas com fatos toda a epopeia do time “italiano” mais brasileiro de todos os tempos.
FEBRE DE BOLA
Aos onze anos, Nick Hornby foi levado pelo pai para ver um jogo do Arsenal pela primeira vez. O jovem, então entristecido pela separação recente dos pais e assolado pelas incertezas com relação ao futuro da família, ficou fascinado. Descobriu um lugar e uma comunidade que, como ele, não estava muito preocupada em se divertir, mas compartilhava algo bastante diverso: “O sofrimento como entretenimento era uma ideia completamente nova pra mim, e parecia ser alguma coisa pela qual eu estava esperando”. Dali em diante, Hornby nunca mais deixou de assistir, no estádio ou na tevê, a uma partida do Arsenal e atrelar aos sucessos e fracassos do time as respostas que buscava para a própria vida. Publicado originalmente em 1992, o livro se estrutura a partir de datas e placares de jogos ocorridos no intervalo de 24 anos, décadas que também marcaram a entrada gradual do autor na vida adulta e na literatura. O resultado são textos repletos de erudição e memória fotográfica, humor e uma sensação de que se está lendo o relato de uma obsessão incurável. Sem jamais cair num discurso esnobe - que diferencia os “pensadores” do futebol dos meros torcedores -, Hornby aborda com leveza e sinceridade temas espinhosos como a violência nos estádios, o surgimento dos hooligans e as relações ambíguas entre cartolas e torcida.
FUTEBOL AO SOL E À SOMBRA
Acima do futebol está a lenda. Uma estranha magia se impõe ao esporte. E o jogo se transforma em saga, desperta paixões, cria mitos, heróis, glórias e tragédias. Exaltado pelas multidões, criou em seu lado sombrio um mundo à parte, onde envolve poderosíssimos interesses políticos e financeiros. Mas nada se sobrepõe ao encanto desta ´festa pagã´. Para captar este universo de perdas e conquistas, Eduardo Galeano penetrou nas profundezas da história e das histórias que se passam dentro e fora das quatro linhas. Construiu este livro como um verdadeiro monumento à paixão. Através de sua prosa consagrada, tudo tem sabor. Pelé, Di Stéfano, Maradona, Zizinho, Didi, Garrincha, Obdúlio Varella - o carrasco uruguaio de 1950 -, o aranha negra Yachin, Leônidas, Platini, Domingos da Guia, Friedenreich e muitos outros craques são mostrados nos seus momentos de esplendor e desgraça.
COMO O FUTEBOL EXPLICA O MUNDO
O futebol é mais do que um esporte, ou mesmo um modo de vida; abrange questões complexas que ultrapassam a arte do jogo. Envolve interesses reais - capazes de arruinar regimes políticos e deflagrar movimentos de libertação. Os clubes de futebol espelham classes sociais e ideologias políticas, e freqüentemente inspiram uma devoção mais intensa que as religiões. Para realizar esse amplo e perspicaz trabalho de reportagem, Franklin Foer viajou o mundo - da Itália ao Irã, do Brasil à Bósnia, analisando o intercâmbio entre o futebol e a nova economia global. E acabou por derrubar mitos, ao verificar que em vez de destruir as culturas locais, como preconizava a esquerda, a globalização deu nova vida ao tribalismo, e que, longe de promover o triunfo do capitalismo apregoado pela direita, fortaleceu a corrupção. Investigando os bastidores desse esporte, Foer apresenta uma vasta e por vezes quase inverossímil galeria de personagens: um hooligan inglês, filho de uma judia com um nazista, que devotou a vida à violência; mulheres que freqüentam os estádios iranianos; os cartolas do futebol brasileiro; uma torcida organizada sérvia que se transformou em brutal unidade paramilitar. As histórias colecionadas - extravagantes, violentas, engraçadas, trágicas - ilustram desde o choque de civilizações à economia internacional e revelam como o futebol e seus fiéis seguidores podem expor as mazelas de uma sociedade, sejam elas a pobreza, o anti-semitismo ou o fanatismo religioso.
PALMEIRAS X CORINTHIANS 1945
Na década de 1990, em uma de suas visitas à sala de troféus da Sociedade Esportiva Palmeiras, Aldo Rebelo visualizou uma taça com a seguinte inscrição: “Homenagem do Movimento Unificador dos Trabalhadores – MUT”. Começou assim a sua jornada pela partida realizada em 13 de outubro de 1945 entre Palmeiras e Corinthians. Este livro retira o jogo do anonimato da galeria de troféus e das estatísticas dos dois clubes. Para isso, reúne informações obtidas em jornais, universidades, clubes, Federação Paulista de Futebol, arquivos pessoais e entrevistas com ex-dirigentes comunistas, ex-jogadores, ex-sindicalistas e familiares de pessoas ligadas ao episódio.
ENTRE OS VÂNDALOS
Há uma epopeia previsível que se deflagra todas as semanas em meio à aparente tranquilidade das cidades europeias – inglesas em particular. É uma aventura de sangue e estilhaços de vidro. De pânico, ultraje, brutalidade. De estupidez e covardia. O protagonista dessa epopeia é ninguém e todos, ao mesmo tempo. Trata-se da multidão, entidade que se forma com aparente espontaneidade e se lança contra indivíduos e cidades com fúria arrasadora. É preciso ser parte física da multidão para sentir a sua selvagem embriaguez. Para isso, nada melhor que se tornar um holligan honorário, como fez o jornalista Bill Buford durante quatro anos. O ritual da violência de massa começa horas antes de se entrar no estádio de futebol. E pode terminar a qualquer hora do dia ou da noite num hospital ou mesmo num cemitério.
O FUTEBOL COMO ELE É
Sorte e azar são aspectos indissociáveis do jogo de futebol — um esporte praticado com os pés e, portanto, impreciso por natureza. Contudo, há mais explicações para o sucesso ou fracasso de uma equipe do que a participação do imponderável.
Em "O Futebol Como Ele É", da Editora Grande Área, o jornalista Rodrigo Capelo investiga e explica esses fatores que não conseguimos enxergar quando olhamos somente para o campo. As decisões tomadas fora das quatro linhas e o contexto no qual elas estão inseridas podem contribuir diretamente para que a bola ultrapasse a linha do gol. São detalhes imperceptíveis durante os noventa minutos, mas capazes de determinar o resultado de uma partida ou, até mesmo, de um campeonato. Com a atenção voltada para a gestão, em um trabalho jornalístico de vasta pesquisa e apuração minuciosa, além de entrevistas exclusivas com personagens como Eurico Miranda, Andrés Sanchez e Alexandre Kalil, o autor conta a história do futebol brasileiro e mostra como há muito tempo, desde bem antes do que se imagina, o esporte das massas é também um grande negócio — cujos segredos ajudam a explicar por que seu time do coração se encontra na situação em que está nos dias atuais. Rodrigo Capelo é jornalista, graduado em comunicação social.
O PALESTRA ITALIA EM DISPUTA: FASCISMO, ANTIFASCISMO E FUTEBOL EM SÃO PAULO
Micael Zaramella
Esta pesquisa se debruça sobre a presença e atuação de fascistas e antifascistas na Società Sportiva Palestra Italia (atual Sociedade Esportiva Palmeiras), agremiação fundada em 1914 com o objetivo de representar a coletividade italiana no ambiente futebolístico paulista. Estabelecendo comparações e relações entre aspectos da vida social, política e cultural de São Paulo durante a Primeira República, são apresentados os grupos e agentes políticos que protagonizaram as lutas sociais na cidade, bem como seus enredamentos com a existência de uma numerosa coletividade italiana emigrada, e a incidência do fascismo e do antifascismo nestes grupos sociais. A seguir, é traçado um panorama da prática futebolística durante o mesmo período, identificando tensões e negociações entre a esfera do chamado futebol oficial e outros futebóis, e comentando particularmente a trajetória do Palestra Italia ao longo de suas primeiras décadas. Com base nesta contextualização, são apresentados os resultados da pesquisa documental realizada, identificando a presença de fascistas e antifascistas organizados dentro do clube, suas atividades, e os processos de disputa, negociação e reelaboração das identidades palestrinas ao longo de todo o período desta atuação política, demarcado entre 1923, data de fundação do Fascio di San Paolo, e 1945, data do fim da Segunda Guerra Mundial.
IMIGRAÇÃO E FUTEBOL: O CASO PALESTRA ITALIA
José Renato de Campos Araújo
O trabalho é uma reflexão sobre uma das faces da construção da etnicidade italiana na cidade de São Paulo. Ou, a participação de uma associação étnica italiana neste processo, envolvendo uma estratégia de reconhecimento social e mudança da imagem do imigrante italiano em São Paulo. O Palestra Itália, por atuar no futebol, modalidade esportiva que se tornaria a grande paixão nacional, configura-se numa associação diferenciada no associativismo italiano da cidade. Esse associativismo era marcado por profundas divisões regionais, sendo regra a representação de imigrantes com o corte regional da península itálica. Até a fundação e estruturação do clube o que víamos na cidade era, portanto, uma grande profusão de entidades, agremiações e associações aglutinadoras de lombardos, vênetos, calabreses, piemonteses, mas nunca de italianos. Entidades com os mais diversos objetivos: mutuais, literárias, recreativas, esportivas, assistenciais entre outros.
Este trabalho tem por objetivo a reconstrução da história do Palestra ltália com a finalidade de observar sua atuação e relacionamento com a sociedade paulistana. O período estudado abrange, em linhas gerais, a primeira metade do século XX; a pesquisa realizada inicia-se em 1914, fundação da equipe de futebol, e estende-se até 1942, ano que a associação entra em conflito com a sociedade paulistana, forçando-a mudar sua denominação para Sociedade Esportiva Palmeiras.