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12 de junho de 1993 – Preâmbulo: como chegamos até aquele dia

  • Foto do escritor: Vladimir Galli
    Vladimir Galli
  • 14 de jun. de 2023
  • 4 min de leitura

Por Fernando Cesarotti

foto: Vidal Cavalcante/ Agencia Estado

Spoiler: esta é uma história com final feliz. Mas, como toda história com final feliz, ela traz momentos tristes, chateações e obstáculos que constroem o caminho até a felicidade.

Por isso, para falar de 1993, já que estamos voltando no tempo, vamos voltar um pouquinho mais, até 1974, ano em que Palmeiras e Corinthians decidiam o Campeonato Paulista e o rival emendava 20 anos sem grandes conquistas. Essa história todo mundo mais ou menos sabe, então vamos resumir: Morumbi lotado com 80% a 90% de alvinegros, expectativa deles nas alturas, nosso time muito melhor, gol do maior Ronaldo de todos, Palmeiras mais uma vez campeão, “zum zum zum é 21” saíram os nossos gritando para os rivais.

Como diriam os jovens, foi a chamada “last dance” da Segunda Academia, que havia vencido ainda o Paulista de forma invicta em 1972 e levado os Brasileiros de 1972 e 1973, além de algumas vitórias e conquistas memoráveis em torneios amistosos na Europa. O Palmeiras ainda venceria o Paulistão novamente em 1976, mas já com um time renovado, sem Luís Pereira e Leivinha, vendidos ao Atlético de Madrid, e com Dudu agora no banco de reservas. Mais uma dança final, agora do Divino Ademir da Guia, que penduraria as chuteiras no ano seguinte, 1977, apenas alguns meses antes de os diletos rivais enfim saírem de sua fila após um confronto dramático contra... a Ponte Preta.

Mal sabíamos que viriam anos sombrios à frente. Em 1978, a derrota para o Guarani na final do Brasileirão era vista com tristeza, mas com relativa naturalidade: os alviverdes de Campinas, afinal, tinham um timaço liderado por um jovem talento, Careca, em quem nossa diretoria estava de olho e que mais cedo ou mais tarde trocaria de camisa verde, assim esperávamos.

Em 1979, novas frustrações: no Brasileirão, um bom time, recheado de jovens talentos, estraçalhou o Flamengo no Maracanã, mas não foi páreo para o futuro campeão invicto Internacional; no Paulistão, depois de celeumas jurídicas, caímos para o Corinthians com um gol de canela de Biro-Biro.


E aí a década virou. E a nossa sorte, como se fosse possível, piorou. Numa época em que o Brasileirão tinha mais de 40 times e a classificação se dava pelos Estaduais, tivemos de amargar duas vezes a Taça de Prata, espécie de Segundona meia-boca que dava acesso ao campeonato no meio do caminho – numa delas conseguimos subir para nada, na outra nem isso. Ah, o supracitado Careca acabou deixando o Guarani, depois de uma longa novela, para jogar... no São Paulo.

Os anos foram se passando, acumulando campanhas ruins e/ou eliminações sofridas. Em 1984, o time vinha embalado na briga pela liderança, mas caiu de produção após sua estrela, o atacante Mário Sérgio, ser pego no exame antidoping. Em 1985, chegamos a última rodada na dependência de uma vitória simples sobre o XV de Jaú, no Palestra Itália: perdemos por 3 a 2.

Voltamos a disputar uma final em 1986, quando a fila já completava uma década. Mas, vocês sabem, Foto: Acervo/Gazeta Press era melhor nem ter chegado: em dois jogos no Morumbi, conseguimos perder para a Inter de Limeira. Valeu o consolo de ter eliminado o Corinthians nas semifinais com direito a gol olímpico. (Valeu?) A fila já completava uma década.

Em 1987, revelamos um novo goleiro, Zetti, que ficou mais de 1.200 minutos sem tomar gol – para depois levar um peru homérico na semifinal contra o São Paulo. Em 1988, ficamos pelo caminho e ajudamos o Corinthians a chegar à final ganhando um Choque-Rei na última rodada da fase semifinal – e os caras gritaram “Palmeiras” no Pacaembu.

Mas, sim, ainda ia piorar. Em 1989, o Palmeiras trouxe o ídolo Leão de volta, agora como técnico, montou mais um time com jovens promissores e seguiu invicto no Paulistão, com apenas seis gols sofridos em mais de 20 partidas – mas, no penúltimo jogo, levamos 3 a 0 do Bragantino e ficamos de novo pelo caminho. Em 1990, o time chegou à última rodada da segunda fase precisando vencer a Ferroviária, no Pacaembu, e torcer para que o Novorizontino não vencesse a Portuguesa, no Canindé. A segunda parte aconteceu: 1 a 1. Já o Palmeiras não conseguiu marcar e, já nos acréscimos, o zagueiro Aguirregaray acertou a trave. Após o jogo, parte da torcida organizada saiu revoltada do Pacaembu e foi até o Palestra Itália para invadir e depredar a sala de troféus.

Não perca a conta: já eram 14 anos de jejum. Os dois últimos anos talvez tivessem sido menos traumáticos em resultados ruins, não fosse o sofrimento acumulado. Em 1991, um time já com Evair e César Sampaio foi eliminado na fase semifinal do Paulistão pelo São Paulo, que saiu de rebaixadouma péssima campanha (insira aqui sua escolha) no ano anterior para jogar no grupo mais fraco, sair de lá com vantagem nos critérios de desempate e assim nos eliminar.

Em 1992, já havia a Parmalat, já tinham vindo também Mazinho e Zinho, mas ainda era pouco. Fomos à decisão contra o São Paulo e perdemos na ida e na volta. A semente já estava plantada, mas a fila continuava ali.

E reparem que, já há alguns parágrafos, todas as histórias que conto se referem ao Paulistão. Que, naquele momento, não só parecia ser a única taça a nosso alcance como era também o principal torneio a ocupar o calendário, sempre por pelo menos cinco meses e dificilmente com menos de 30 partidas por ano. No cenário nacional, passamos uma década fazendo figuração no Brasileirão, com a melhor campanha em 1989 – perdemos a vaga na final para o Vasco por uma derrota num dérbi, contra um Corinthians já eliminado, por um gol de calcanhar do já veterano Claudio Adão. Em 1992, estreamos na Copa do Brasil e fomos às semifinais, mas acabamos eliminados pelo Internacional com duas derrotas.


É o combo de todas essas histórias que ajuda a construir a grandeza do que foi 12 de junho de 1993. Se só a leitura já dá uma ideia da sequência de frustrações e “parmeradas”, imagine a sensação de quem viveu tudo aquilo de perto, ouvindo gozações e acumulando lágrimas a cada derrota, ao ver o chute de pé direito do Zinho ainda bater na trave antes de entrar. Mas essa é outra história, e voltamos a ela e ao final feliz em breve.

Foto: Acervo/Gazeta Press

 
 
 

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