top of page
  • 1
  • 2
  • 6
  • Logo Verde de Restaurante (3)
  • 5
  • 3

Abel Ferreira e a Quarta Academia

  • Foto do escritor: Ocupa Palestra
    Ocupa Palestra
  • 2 de dez. de 2021
  • 3 min de leitura

Atualizado: 3 de dez. de 2021

[ por Felipe Giocondo ]


Temos o privilégio de testemunhar a história sendo escrita


O éthos palestrino celebra as “Academias” como nossa legítima e icônica forma de jogar. A Primeira, na década de 1960, consolidou a força nacional do Palmeiras, com direito a vestir a Seleção Brasileira por completo. Já a Segunda Academia, nos anos 1970, teve em Oswaldo Brandão e seus onze ideais uma escalação recitada em forma de poesia até mesmo por quem não é palmeirense.


A fila passou, não sem antes deixar marcas profundas em nossas almas, e coube à Era Parmalat consolidar o que agora classificamos como a Terceira Academia. A vitoriosa parceria da década de 1990 lotou a sala de troféus e elevou dois treinadores ao nosso Olimpo particular de ídolos: Wanderlei Luxemburgo e sua máquina de fazer gols e Felipão com a Família Scolari.


Foram necessárias mais quase duas décadas de espera, salpicadas com o terror de dois rebaixamentos, para que o Palmeiras, enfim, retomasse o protagonismo do futebol brasileiro. E o que estamos presenciando hoje é mais um grandioso capítulo de nossa centenária história, embora nem todos ainda tenham se dado conta: estamos em meio à Quarta Academia de Futebol.


Este recorte temporal terá muito mais significados daqui alguns anos, mas não deve passar batido enquanto transcorre. A equipa de Abel Ferreira conquistou três dos títulos mais importantes de nossa história em um intervalo inferior a dez meses. Este ciclo, entretanto, não começa com sua chegada.

A reinauguração do nosso estádio, a reestruturação financeira e o investimento e reorganização da categoria de base, foram os alicerces nos quais se escora este período. O título brasileiro de 2016 consolidou essa transformação, mas a bagunça que o sucedeu pôs tudo em dúvida novamente: afinal, como um time com dinheiro, bons jogadores e uma inédita - embora breve - pacificação política poderia fracassar em campo daquela forma? Em meio a troca de treinadores e sem muita convicção do que fazer, fomos todos surpreendidos com a volta de Felipão.


Com ele, o Palmeiras encontrou uma forma de jogar. Nem tão bonita, mas extremamente eficiente. Uma campanha avassaladora no Brasileirão trouxe mais um título para a prateleira e formatou um dos melhores sistemas defensivos de nossa história: Weverton, Marcos Rocha, Luan, Gustavo Gomez, Felipe Melo… Alguns meses depois, com a volta de Luxemburgo, surgem os garotos da base, nossas crias, como Danilo, Patrick de Paula, Wesley e Gabriel Menino. Coube finalmente a Abel Ferreira, sujeito de convicções e métodos, o refinamento dessa estrutura de jogo, com uma aplicação tática e de entrega dos jogadores poucas vezes vista em nosso futebol.


É claro que o futebol praticado pelo Palmeiras não tem a teatralidade de outras épocas, mas este é um fenômeno nacional, vítima da sua cartolagem inapta e de uma moeda cada vez mais enfraquecida. Isso não impede, porém, que a ele seja dado o devido peso e relevância.


A Quarta Academia pode não cumprir o papel que a imprensa especializada deseja para que se abra o baú das expressões sagradas. Tampouco é um período encerrado, pois ainda deve render conquistas memoráveis. Cabe ao Palmeiras o prolongamento desse momento especial, para o qual precisa manter os pés fincados no chão e o olhar atento no horizonte, celebrando cada troféu como se fosse o primeiro, mas também o último.

 

Felipe Giocondo é conselheiro do Palmeiras e um dos fundadores do Ocupa Palestra


2 Comments


Luciano de Souza
Luciano de Souza
Dec 03, 2021

Felipe, escrevo para parabenizá-lo pelo texto de excelência, não só em sua composição mas pela questão que levanta. Particularmente, creio que estejamos, sim, vivenciando a escrita de um (mais um) capítulo especial na história da SEP. Penso , porém, que questões econômicas e políticas, no macro e microcosmo, devam ser observadas atentamente para que essa história prossiga em seu caminho de glória (eterna). Gostaria somente de fazer uma pequena observação, com sua permissão: o substantivo "ethos" é masculino (ao menos foi o que aprendi nas aulas de literatura na faculdade). Assim, lá no começo, caberia melhor "o ethos palestrino". Espero que não se ofenda com este pormenor.

Saudações tri-campeãs!

Luciano

Like
Felipe Giocondo
Felipe Giocondo
Dec 03, 2021
Replying to

Luciano, obrigado pela gentileza e atenção com o texto. Correção feita. E que venham mais muitas taças pra esse período que vivemos.

Like
bottom of page