#EDITORIAL: Não aprovamos o orçamento 2022 do Palmeiras. Entenda por quê.
- Ocupa Palestra
- 14 de dez. de 2021
- 4 min de leitura
Os conselheiros do Ocupa Palestra registraram abstenção, sem aprovar ou rejeitar o orçamento para 2022, aprovado por ampla maioria. Confira os motivos e as propostas para aumentar a transparência financeira no clube.

O Conselho Deliberativo apreciou na segunda-feira, dia 13 de dezembro, as propostas orçamentárias para o ano de 2022. A aprovação do orçamento faz parte do calendário previsto em estatuto. Em linhas gerais, trata da apresentação, por parte da Diretoria Executiva, das previsões de receita e despesas para o exercício seguinte.
A esta altura dos acontecimentos, todo torcedor reconhece a importância de controles financeiros rígidos e transparentes para equipes que ambicionam ser vitoriosas em campo. A sustentação, no médio e longo prazos, do protagonismo esportivo que todo palmeirense deseja, somente ocorrerá se o modelo de governança de nosso clube buscar incessantemente mais eficiência, melhores controles financeiros e mais transparência, estimulando, assim, o respeito aos limites que caracterizam uma gestão responsável.
Nossos títulos recentes são a prova viva desse processo: desde o rebaixamento em 2012 o clube optou por um caminho menos afeito às loucuras financeiras. Entre erros e acertos, houve uma nítida evolução que desembocou em um 2021 muito festejado.
Porém, este processo não é necessariamente definitivo. O Ocupa vêm alertando há tempos que o Palmeiras estacionou em aspectos fundamentais para sua boa governança e transparência. As votações do Conselho Deliberativo são a face mais visível desse processo, pois hoje não passam de eventos protocolares, com votações cosméticas, sem debates aprofundados e sem apresentar aos conselheiros os detalhamentos necessários para que cumpram sua função primordial de fiscalização, sendo devidamente informados dos aspectos financeiros do clube.
O orçamento para 2022 foi enviado aos conselheiros apenas três dias antes da votação, em um documento com pouquíssimas páginas e ainda menos detalhamentos que seu equivalente para 2021. Naquela ocasião, sem tempo sequer para avaliar minimamente a peça orçamentária (enviada com menos de 24hs de antecedência à reunião), os conselheiros do Ocupa Palestra optaram pela reprovação do orçamento, além de apontarem em plenária pontos urgentes de melhorias, para os quais não foi dado qualquer retorno.
Um exemplo ilustrativo dos problemas nos orçamentos da instituição está no quadro abaixo. Embora a receita aferida tenha também sido superior à orçada, por sucessivos anos as despesas executadas extrapolam o orçamento apresentado. Por que isso ocorre? É compreensível que vendas de jogadores (situações por natureza imprevisíveis) e premiações por desempenho superem expectativas conservadoras e impulsionem o crescimento de receitas. Mas o que explicaria despesas além do orçamento? Entendemos sobre este ponto que tem havido um descompasso importante entre o que a SEP planeja e o que realmente executa. É necessário melhorar.

A discussão, aqui, não diz respeito às escolhas da Diretoria Executiva sobre como e de qual forma irá executar o orçamento. Refere-se, principalmente, aos rituais que existem para assegurar um melhor planejamento, transparência e fiscalização ou, em outras palavras, diz respeito ao dever do Conselho de apreciar, de maneira informada, o orçamento do clube. Consideramos que este processo está muito distante do ideal para um clube que irá faturar, apenas este ano, quase 1 bilhão de reais. É urgente que os ritos para apreciação do orçamento sejam aperfeiçoados para que exista um efetivo debate e que o conteúdo dos documentos disponibilizados ao Conselho seja mais rico em detalhes, contexto e documentos acessórios.
Outro importante problema: aos conselheiros são franqueadas informações limitadas para ler e compreender o orçamento. Um exemplo disso é que a proposta orçamentária não vem acompanhada do planejamento e das ações prioritárias da gestão para o ano seguinte. Se os números dizem pouco, os números descolados do planejamento (apontando de maneira mais detalhada, por exemplo, se a gestão pretende fazer investimentos em infraestrutura, reformas, etc…) dizem menos ainda.
Por essa razão, os conselheiros do Ocupa entendem que não havia informações suficientes para apreciar o orçamento, registrando sua abstenção como maneira de provocar uma discussão que conduza ao aperfeiçoamento do nosso clube.
Ao se abster da aprovação do orçamento até ter suas dúvidas dirimidas, o Ocupa registra uma cobrança por melhores práticas, mas acima de tudo propõe uma reflexão: não existe melhor momento para o aperfeiçoamento de nossas políticas institucionais e modelo de governança do que o período de paz e tranquilidade trazido pela bonança esportiva.
Entendemos que toda crítica deve vir acompanhada de propostas concretas de aperfeiçoamento. Por essa razão, o Ocupa Palestra elaborou e apresentará uma proposta de Emenda ao Estatuto da SEP para assegurar maior transparência e o exercício efetivo do dever de fiscalização atribuído aos conselheiros. O documento foi enviado a todos os conselheiros da SEP na busca de apoio e será entregue à presidência do Conselho Deliberativo ainda este ano, para que possa ser apreciada já nas próximas semanas.
O Ocupa Palestra reforça o que entende ser o papel não apenas da oposição, mas de todos os membros do Conselho Deliberativo: atuar em busca de melhores controles financeiros, mais transparência, melhor governança e de maneira propositiva como um agente de aperfeiçoamento institucional.
Não devemos nos acomodar por conta do sucesso esportivo do momento. É preciso seguir melhorando para continuar no topo.
Sem transparência e fiscalização não temos um clube democrático e de todos. Precisamos que os números sejam apresentados a todos interessados, sejam eles conselheiros, sócios ou torcedores. Não existe época melhor para organizar a casa do que agora, com dinheiro em caixa e clima positivo, não está difícil mas é preciso querer fazer.
Importante nota do Ocupa Palestra sobre a necessidade de assegurar maior transparência nas finanças do Palmeiras. Igualmente relevante a crítica vir acompanhada de propostas concretas, como a emenda ao Estatuto da SEP. Excelente!
É exatamente isso que precisamos para não ficar contando com a sorte em todas as próximas gestões. Transparência!!
Sou sócio torcedor desde 2014 e acho isso extremamente importante. transparência contábil e financeira nos levarão a voos mais altos. Nota IMPORTANTISSIMA!
Transparência sempre! Ótima nota!